2. Uma Vida Programada

Elisabeth e Peter Hastings iriam criar a sua filha para esta ser perfeita. Teria aulas de pintura e equitação. Seria um génio e a melhor aluna da turma. Melissa Hastings tinha que ser um exemplo para todas as meninas da cidade!

Como veem, eu tinha acabado de nascer e já tinha a minha vida programada. Ai de mim escolher outro caminho.

A minha mãe sempre disse que não foi feita para ficar em casa a criar os filhos. Por isso fez varias entrevistas para encontrar a mulher perfeita para me criar (tudo tinha que ser perfeito para os meus pais).

Entretanto, também o meu pai investia na minha futura educação. Trouxe uma linda égua chamada Estrela, que estava gravida, para nossa casa. Ela já estava no fim do tempo por isso o meu pai quis que ela fosse viver la para casa para o meu futuro cavalo nascer na casa onde ia viver. 

 Nasceu um lindo potro, igual á mãe! Chama-se Jack! O meu pai só ia entregar Estrela quando o pequeno Jack conseguisse sobreviver sem a ajuda da mãe.

A procura intensiva da minha mãe deu finalmente resultado! Emília Gomes, uma senhora muito amorosa e com uns grandes olhos azuis brilhantes foi a escolhia para me criar. Nesse mesmo dia ela mudou-se para o quarto de hóspedes da nossa casa. 

E a minha mãe voltou finalmente ao trabalho.

A partir do primeiro momento em que esta desconhecida de cabelos brancos me segurou nos braços, soube que iria ser muito amada por ela. Emília, para além de cuidar de mim, ajudava a empregada nas limpezas e tratava de Estrela e Jack.

Desde que a minha mãe contratou Emília, poucas vezes vi os meus pais. Saíam cedo para trabalhar e voltavam muito tarde.  Nem sequer jantavam juntos!

Nos seus dias de folga, a minha mãe vinha um pouco até ao meu quarto e conversava com Emília sobre o seu trabalho la em casa.

- Então Emília, como se está a dar nesta casa?

- Estou a gostar muito, minha senhora. Esta casa é um espanto!

- E a minha filha? Como é que ela se comporta?

- Ohhh, a menina Melissa é um amor! É muito sossegada, não dá trabalho nenhum.

- Ainda bem que está a gostar! 

E era isto…este era o tempo que a minha mãe dedicava á sua filha. Depois voltava logo ao trabalho!

Pelo menos era melhor que o meu pai. Este nem se preocupava em passar tempo comigo.

Apesar de toda esta indiferença por parte dos meus pais, eu estava feliz por ter a Emília. Ela dava-me todo o carinho que eu precisava.